Em dezembro serão completados 20 anos de formatura.
A Dirce e o Fúria estão enviando e mails convidando para um reencontro da turma.
Eu não vou.
Prefiro reencontrá-los apenas em minha memória, nos 4 anos que convivemos dia a dia, na mesma classe.
Todos jovens, alegres, cheios de esperanças, acreditando que iriam vencer, mudar o mundo com suas convicções, ufanistas, rebeldes, coisas da idade mesmo.
Não quero vê-los envelhecidos, ainda que de espirito jovem, a apresentar seus filhos e a perguntar um a um repetidamente - onde está morando, o que anda fazendo, fez especialização, virou professor, tá dando aula ou mudou de profissão?
Ver colegas antes magrinhos, agora barrigudos, de cabelo grisalho ou branco, de faces marcadas pela passagem de 20 anos iria me deprimir.
Não teria paciência para ouvir algum colega com memória excepcional reviver ainda com detalhes as festas nas repúblicas, as churrascadas no Santa Rosa, as cervejadas na Rua do Porto, as promoções da Croco nas quintas, o jogo de truco das tardes de sexta feira regado a caixas de brahma ao lado do vagão, os interodontos da vida, a festa do chapéu, o futebol semanal contra outras turmas, as provas que ninguém mais quer se lembrar, o professor que tinha ódio de alguns colegas da turma, a semana em Paulínia e nosso colega que partiu mais cedo.
Seriam necessários dias até acabar o assunto.
Melhor assim.
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