sexta-feira, junho 25, 2004

Duas vezes na semana:

A primeira eu esperava. Ele disse que tinha que tratar o canal e o dente estava fechado e doendo.
Ao abrir, aquele odor fétido de tecido necrosado. Difícil de aguentar mesmo com máscara.

Hoje eu não esperava. E foi diferente. Ela veio para trocar uma restauração no molar superior que estava com resina. Disse que sentia um mau cheiro. Não passou pela minha mente que fosse necrose porque ela não reclamou de dor. Só queria melhorar a estética. Pensei tratar-se de bolsa periodontal. Fiz um Rx. Nada de bolsa. Estranho. Anestesiei. A hora que eu passei a broca de alta rotação na resina para removê-la, ela estava com bolha, e a broca penetrou em uma cavidade, permitindo assim, que todo os gases produzidos pelas bactérias pela decomposição do nervo dental, saíssem de uma só vez. E vieram diretamente em minha direção atingindo minha máscara e gorro. A cheiro ruim foi tão intenso e insuportável que tive que interromper o tratamento para que minha assistente providenciasse uma nova máscara e gorro. Esse foi o pior odor nos 18 anos de trabalho. O consultório ficou impregnado.
Ela não sentiu dor, nem teve edema, nem abcesso, porque a resina que o dentista colocou estava com porosidade, além da bolha interna. Por isso, os gases lentamente escapavam pela resina e ela sentia o mau cheiro. Se fosse amálgama ao invés de resina, a história seria outra. Não teria como os gases saírem através do amálgama.
Eu não esperava nem desconfiava que fosse canal. Não havia nehum sintoma, nem lesão apical.
E assim termina a semana.


quarta-feira, junho 23, 2004

Ocorrências Inesquecíveis no consultório

Estou entrando naquela fase de começar a atender pacientes hoje já adultos( como o tempo passa rápido) que eram criancinhas até bem pouco tempo atrás. Não Parece, mas já se passaram 9 anos e eu não me esqueci desse paciente que retornou hoje. Quando minha secretária trouxe a ficha clínica, tudo que fiz aflorou em minha mente. Ele me deu um trabalhão.
Ele estava com 12 anos e veio tratar um incisivo superior que doía muito. Entrou chorando de dor. O pai, que era meu paciente também, estava junto. Eu anestesiei e esse dente não parava de doer. A pulpite era intensa. Anestesiei e anestesiei e nada. E ele chorando. E o pai aflito. Não pegou a anestesia. E espera pegar, e espera e nada. E ele chorando. Para encurtar a história, ele teve que tomar uma injeção de Lisador, aguardar o efeito da analgesia corporal para depois eu tentar remover esse nervo. Somente depois dessa injeção é que consegui anestesiar diretamente o nervo do dente. Só depois disso que ele parou de chorar.
Bem, depois fiz a restauração e nunca mais o vi. Até que hoje ele retornou!
Entrou no consultório e disse:
-Quanto tempo Dr. Sylvio!
- O Sr.( também entrei na fase de todos me chamarem de Sr.) se lembra de mim?
Respondi:
_ Claro! Alguns pacientes a gente não esquece jamais!
_Então, lembra daquele dente da frente?
-A restauração está aqui até hoje!
Acho que está na hora de trocar, né?...

Enxaqueca

A primeira a gente não esquece jamais. Estava no Mato Grosso na casa de meus avós paternos. Um calor infernal. Tinha 6 anos. A dor era tanta que não conseguia ficar de olhos abertos. Foi a primeira enxaqueca.
Tive outra brava quando adulto,já casado. Aconteceu durante o dia.Tive que me deitar,o quarto totalmente escuro. Permaneci imóvel, porque a luz e o balançar da cabeça aumentava a dor. Não conseguia ficar com os olhos abertos. Dormi e acordei após algumas horas livre dela - um alívio.
E hoje acordei com dor forte na têmpora esquerda. Tomei minha dipirona. Nada. No almoço mais uma. Agora sim, passou. Engraçado que minha mulher também levantou com dor também, só que do lado direito. Se tivesse bebericado algo, seria a desculpa. Será que é o inverno? Contração das artérias, elevação da PA e pressionamento dos nervos. Sim! pode ser!

Vidas perdidas por nada

Ontem os guerrrilheiros decapitaram o Sul Coreano em Bagdá. Tinha 33 anos. Era tradutor de árabe para inglês. Queriam que o governo coreano retirassem a tropa que está ocupando Bagdá e soltassem os iraquianos presos.
Uma semana atrás um engenheiro americano acabou assim também.
O que me marcou foi a expressão de horror na face dele na tv.
Ele estava rodeado pelos seu algozes armados implorando para que não o matassem. Estava desesperado. Disse: "Eu não quero morrer" gritando e chorando muito. Foi comovente e marcante para quem assistiu as imagens. Ele sabia que ia morrer. Imagine-se na pele dele quando fez o apelo. Não tiveram compaixão. Em nome de Alá e da guerra santa, mais um inimigo a menos.
Amanhã ninguem se lembrará mais, a não ser a família.

terça-feira, junho 22, 2004

Reserva de vagas para alunos da rede pública: quem serão os profissionais de amanhã.

Essa proposta começou a ser debatida no final do governo FHC em 2002.
Ontem( 20/06/04) o fantástico apresentou matéria sobre o desempenho dos alunos de primeira a oitava série do ensino fundamental numa pesquisa orquestrada pelo governo federal. Eles deveriam responder questões de português e matemática.
A conclusão do Ministério da Educação foi de que os alunos não sabem o básico.
Não conseguem interpretar um texto.
Não sabem resolver as questões matemáticas básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Não entendem o conteúdo, o significado da questão, seja de português ou matemática.
Imaginem como deve ser então a compreensão dos textos em ingles.
O Fantástico havia feito uma pesquisa parecida com alunos da primeira a quarta série nas capitais e chegou a mesma conclusão.
Considero alarmante para o Brasil.
O ensino básico da primeira série até o terceiro colegial é fundamental para que o aluno adquira gradualmente os conhecimentos gerais de todas as matérias e entre em uma universidade com uma bagagem cultural grande.
A universidade não é local de alfabetização de alunos. É a conquista de sua almejada graduação e posteriormente, se tiver afinidade, continuidade na carreira universitária. Precisamos de pesquisadores, que é a essência da universidade.
Como um aluno de escola pública com essse nível vai conseguir entender e acompanhar os colegas de sua classe vindos de escola particular? Como estudar e pesquisar as materias, que na sua maioria hoje são em ingles?
É justo o aluno de escola pública ser aprovado no vestibular só porque tinha direito as cotas de vagas?
E como se sente aqueles pais, que investiram em seus filhos, pagando escola particular durante anos?
Os dois alunos agora na mesma classe da universidade.
E amanhã?
Será que poderemos confiar nesse profissional? Pense em um médico ou dentista ou engenheiro civil ou advogado, formado com esse potencial herdado do ensino básico.
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A Coréia do Sul era na década de 70 parecida com o Brasil em termos sociais, econômicos e educacionais. Seu governo decidiu reformular profundamente o ensino básico educacional.
Vejam o que a Coréia do Sul é hoje. Comparem com o Brasil e também com a Coréia do Norte que ainda segue os moldes da extinta URSS.
O Brasil perto da Coréia do Sul só é grande em extensão territorial.
O padrão de vida deles é infinitamente superior ao nosso.
Nosso modelo educacional tem que ser mudado radicalmente. Não temos todo o tempo do mundo. Já está passando a hora para o Brasil. Até quando seremos terceiro mundo?

domingo, junho 20, 2004

lembrarei
Posted by Hello

Cólica Renal

18/06/2004.
Essa acho que não vou esquecer. Mas deixo registrado. A dor foi muito intensa. Começou às 5:00hs da manhã. Não aguentei!
Fui p/o hospital às 5:15. Fiz Rx,tomei injeção de voltaren, buscopan na veia e dolantina. Fiquei 4 hs no hospital Unimed. Retorcia o corpo de dor. Essa dor é pior que dor de dente quando se está com pulpite aguda ou o nervo de dente exposto.
Voltei para casa as 10:00 hs. Como sou profissional da área da saúde, foi mais fácil a troca de idéias com os médicos.
Fui atendido por 3 médicos e no mesmo dia, as 11:00 hs, estava em outro hospital fazendo litotripsia( hospital Amalfi). Bem, as 14:00 hs já estava em meu consultório atendendo meus pacientes. Eu estava bem medicado e não senti mais dor. Graças a Deus, ao buscopan e ao vioxx!!