quarta-feira, novembro 09, 2005

A terceira idade

Não concordo com a idéia que querem passar.
A fase da boa idade de boa só tem o nome.
Vejo meu avô, com 83 anos definhando sem ter doença alguma.
Não se lembra do que fez minutos atrás, nem que dia e mês estamos.
Lembra-se de fatos com detalhes que aconteceram em sua vida há 50 anos atrás, mas não se lembra do que comeu ontem.
O vô era alto. Está arcado, cada vez mais baixo.
Tudo é fisiológico, mas é cruel.
Ele não está doente, não toma remédio algum. Está decrépito. Dorme muito, fala quase nada, come pouco, e sai de vez em quando para ir ao cemitério ver o túmulo da vó. Mais nada.
A parte boa dessa terceira idade dos meus parentes é que a família da minha mãe e a do meu pai é longeva. Eu espero ter herdado seus gens. O pai morreu porque fumava muito. Não se cuidou.
Minha sogra toma 10 remédios por dia. Para pressão, diabetes e coração.
Está com a mente confusa, com dificuldade de raciocínio. Ela pergunta algo e dez minutos depois, faz novamente a mesma pergunta. Tem hoje 78 anos.
Observo na casa da minha mãe e da minha sogra, que sábado, domingo ou até mesmo feriado é como um dia qualquer.
Não nos reunimos mais para os almoços de fim de semana.
A casa da mãe e da minha sogra vivia cheia. Os filhos com as noras e os netos. Mesa farta, bebida, jogo de truco, buraco.Acabou tudo. Cada um foi para seu canto.
Depois da morte se meu sogro e meu pai, aos poucos, as reuniões foram diminuindo e hoje, ninguém mais almoça junto.
Noto que nem minha mãe ou sogra sente mais prazer ou faz questão em ver a família reunida nos finais de semana.
Quando dá 11 horas, minha mãe já está almoçando.Minha sogra também. Não importa se é domingo ou não. Tanto faz.
Eu não quero ser assim quando estiver na "boa idade". Quero sempre minha família reunida.
Não acho que isso só acontece em minha família, que somos exceção.
Ou será que é também parte do processo da passagem do tempo?
Só lá na frente saberei.
Assim eu não me esqueço.

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