A paciente de 12 anos sofreu essa semana que passou. Estava com dor nos 2 dentes anteriores. Segundo a mãe, havia mais de 3 anos que sofrera um trauma na face. Não houve proservação nos dentes atingidos pelo trauma. Após tirar a radiografia, constatei uma enorme lesão periapical no lateral e central direito. Abri os canais e mediquei. Isso na segunda, dia 17.
No dia seguinte, começou o edema facial. Não estava drenando pelos canais abertos. O abscesso se propagou pela região sub orbital. O antibiótico via oral não estava fazendo efeito.
Na quarta feira, solicitei internação para administrar penicilina via venosa. No dia seguinte, estava melhor, mas ainda não havia drenado. Nova medicação para combater anaeróbios foi administrada, em conjunto com um de largo expectro de ação. O ponto de flutuação estava surgindo abaixo da órbita. Seria uma pena drenar por ali, pois ficaria uma cicatriz. Orientei para fazer muitas compressas quentes, para ativar a circulação sanguínea no local.
Na sexta feira, o rosto estava novamente mais edemaciado ainda, atingindo todo o lábio superior, nariz, sub orbital e nada de drenagem espontânea intra oral. Encaminhei então para o colega cirurgião buco- maxilo para realizar a drenagem cirúrgica. Ao chegar lá, antes de entrar na sala do colega, o abscesso drenou espontaneamente pelo central do lado esquerdo. Ainda bem. Voltou de novo ao meu consultório. Abri esse dente também, pois foi afetado pelo abscesso.
Ainda bem que a drenagem ocorreu espontaneamente e foi intra oral. Não havia o que fazer. A drenagem só pode ser feita quando há ponto de flutuação. Foi uma infecção difícil de combater. Demorou 5 dias até a drenagem. São poucos os casos que depois de aberto o canal, surge um abscesso assim, desta magnitude. As bactérias estavam muito resistentes.
Ontem, por telefone, a mãe informou que o inchaço praticamente desapareceu. Agora é limar os canais, posteriormente obturar e acompanhar a regressão da lesão periapical com RXs periodicamente.
O erro foi o dentista que a atendeu após o trauma, há 3 anos atrás, dizer que estava tudo bem e não precisava se preocupar. Não houve um acompanhamento radiográfico, nem teste de vitalidade do dente. Ocorreu necrose pulpar, formação de uma lesão ao redor das raízes que foi aumentando com os anos, infeccionou e evoluiu para abscesso.
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