Encontrei um velho amigo de faculdade no shopping com a mulher, as 2 gêmeas e o caçula de 1 ano e meio. Lembrei-me da cantina da Odonto. Ponto de encontro.
Estudamos juntos na FOP. Participávamos praticamente de todas as baladas que a nossa turma de classe fazia(festas em repúblicas,promoções em boate, churrasco em chácaras...) Onde houvesse uma festa, lá estávamos.
Naquela época, por mais incrível e absurdo que possa parecer, na cantina era permitida a venda de bebidas alcoólicas( a maioria das faculdades permitia nos anos 80).
Toda sexta feira, após a clínica de odontopediatria, nos reuníamos perto de um vagão de trem que havia próximo a cantina, e jogavamos truco com cerveja até o entardecer. Éramos parceiros e dificilmente perdíamos uma partida. A disputa era acirrada, quem perdia saía, e dava lugar a outra dupla. A fila era grande.
Toda quinta feira a boate Crocodilo's fazia uma promoção( Ou era da Unimep, ou da Esalq, ou Engenharia, ou Serviço Social, enfim, sempre havia) Então, a moçada se encontrava no bar do Carlão, que ficava em frente ao Jardin's, na rua Benjamin com a Moraes, ou então na Adega, no início da rua Governador. Eram os pointers da época. A calçada ficava tão cheia de universitários que era difícil até passar de carro. Lugar de ferveção, como dizem(aos sábados era praticamente impossível percorrer aquele quarteirão de carro. Toda cidade confluía nesses 2 locais.Era passagem obrigatória para ver e ser visto.)Como a bebida era cara na boate, e era só de latinha, a confraternização etílica era no bar. Depois de "calibrados", o destino final era a Croco.
Outro point que pegou na city nessa década foi o Pilequinho. Era na esquina da Boa Morte com a Riachuelo. Ficou famoso pelas batidas de frutas com vodca ou champagne. O ambiente era rústico, com painéis do Che Guevara, artistas famosos da época e de gerações anteriores. Entupía também. Na Benjamin tinha também o Sandra Frutas. Fez sucesso no início da década.
Na Croco,além dos sucessos mundiais, tocava-se muito o emergente rock nacional. Grandes bandas surgiram nos anos 80. Ultraje a rigor, Paralamas, Ira, Legião Urbana, Engenheiros do Hawaí, Titãs, Capital inicial,Barão Vermelho, Kid Abelha, RPM. Também tinha Lulu Santos, Rita Lee, Cazuza, Frejat.
Como esquecer Madona, Michael Jackson, George Benson, U2, Dire Straits, Lionel Ritchie, The Police, New Order, Tina Turner, Duran Duran, Anita Baker, Cyndi Lauper, Nina Hagen. Bons tempos!
E havia muita briga dentro e fora da Croco. O pau comia principalmente quando se encontravam agricolões e os alunos da odonto. Como lá a maioria era cuecão, os esalqueanos queriam invadir o nosso território, já que na FOP, havia muitas mulheres bonitas. Da minha classe, por exemplo, saiu a raínha do carnaval da cidade de 1985. E na portaria da boate, o Osmar, um senhor negro com mais de 50 anos,sabia quando ia sair encrenca.Ele conhecia muitos alunos. Sabia quem era quem. Tinha noite que ele falava: Hoje a coisa tá feia aí dentro, cheio de homem. Daí a gente nem entrava. Eram os alunos da Esalq.
A coisa não passava disto. Acabou a confusão, morreu ali e não havia vingança, juras de morte como é hoje. Os jovens hoje brigam na boate por puro prazer, maldade, como os Pit Boys do Rio de Janeiro. Covardes que procuram pessoas bem mais fracas que eles e só agem em grupos. A Letícia, por enquanto, na idade que ela está, só vai na Dandy ou na Limelight se for festa fechada, da escola ou de aniversário de algum aluno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário