sexta-feira, julho 02, 2004

Assalto a mão armada: dia 30/06


Demorou muito. Dez anos no mesmo endereço e nunca tinha sido vítima de assalto.
Todos os vizinhos já haviam sido, menos eu. Eram 14:10hs.
Ele interfonou e disse à Sirlei,minha secretária, que queria fazer um curativo no dente da frente.
Nesse instante, chega minha paciente das 14:30 hs e entra junto com o sujeito.
Quando a Sirlei abriu a porta da sala de espera, ele apontou a arma e anunciou o assalto, perguntando onde estava o dentista.
Minha sala é no fim do corredor. Nesse momento, eu estava atendendo e ouvi uma gritaria. Fui andando pelo corredor para ver o que estava ocorrendo e dei de cara com ele.
Armado com uma garrucha cano duplo, ele veio em minha direção apontando a arma para minha cabeça. Ergui as mãos e fomos para minha sala.
Estavamos em 6: a Sirlei, a paciente que eu estava atendendo junto com a mãe, a paciente das 14:30HS, eu e o sujeito.
Ele era magro, 1,70mts de altura, bigode ralo, pele escura, de boné, camisa vermelha e calça comprida preta, entre 20 e 25 anos.
Estava nervoso. Ele não queria dinheiro das pacientes. Só queria o meu dinheiro. Disse para a Sirlei que não queria dinheiro de trabalhador, só o meu( Eu sou o que então?), e que fazia isso por necessidade.
-Eu quero dinheiro. Cadê a carteira?
Eu disse:
- Está na segunda gaveta. Pode pegar.
_ Pegue para mim. Abri a gaveta, retirei a carteira e abri na sua frente. Ele rapidamente pegou o dinheiro que havia lá dentro.
_ Só isso? Onde tem mais?
_ Não tenho mais dinheiro. Tenho cheques aqui.
_ Não quero cheques.
_ Só tenho isso de dinheiro, eu disse. Acho que ele pensou que minha carteira estava recheada.
Rapidamente, saiu com a Sirlei pelo corredor. Entrou na sala da Sirlei, revirou as gavetas e nada achou de interessante. Daí ele se lembrou do celular. Voltou de novo para a minha sala segurando a Sirlei pelo braço e disse para mim:
_ Cadê o celular?
_ Você ligou para alguém? Disse apontando a arma de novo na minha cabeça.
_ Não, não liguei.
_ Enfiou a mão na gaveta, pegou o celular e ficou me encarando.
_ Não olhe pra mim não. Deita aí no chão.
Virei o rosto, ergui de novo as mãos e pensei: Só falta agora esse desgraçado atirar em mim.
Eu disse:
_Não vou me deitar. Você já pegou o dinheiro e o celular.
Ele ficou mais agitado ainda, apontando a arma ameaçadoramente para mim. Eu pensei: esse cara vai atirar. A coisa estava ficando feia. Ele não se decidia,parece que não sabia o que fazer, parecia inexperiente. As pacientes estavam mudas, perplexas, inertes.
Repentinamente, saiu pelo corredor com a Sirlei. Ela abriu a porta da frente, ele montou na bicicleta que estava encostada na grade e foi embora. Não quis o celular, nem as bolsas ou o dinheiro delas. Só o meu. Eu era seu alvo. Acho que pensou que eu teria muuuuuito dinheiro na carteira porque era dentista. Acho que ele se frustrou nessa. Graças a Deus, ele não mexeu com as pacientes e a Sirlei.










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