Quando criança ouvia da mãe e do pai que seria bom se os filhos não crescessem, ficassem para sempre perto deles, sob sua proteção.
Não entendia porque. Eu queria crescer, seguir meu caminho, ser independente.
Hoje compreendo.
A Letícia cresceu.
Não temos mais criança em casa, queira ou não.
Se ela passar este ano, uma nova fase se inicia na vida, tanto minha quanto dela.
Não vou mais buscá-la na escola, como faço todo dia, trazendo também a Janaína e a Marília.
Findam-se as aulas de inglês e espanhol que ela faz desde os 10 anos e o pior, que mais pesará, mais me preocupará, será sua ausência, pois vai cursar fora.
Vai tirar carteira de motorista e não terei mais que ir buscá-la de madrugada. Porém, a preocupação será maior ainda porque está com um carro na mão neste país sem segurança.
Um vazio irá se formar nas horas do almoço e à noite, mas é preciso seguir em frente. Deixar que siga seu caminho, cresça.
Para alguns pais pode ser um alívio, mas não para mim.
Seria bom se os filhos não crescessem mesmo. As preocupações seriam menores.
O tempo passou rápido demais para mim.
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