sexta-feira, junho 25, 2004

Duas vezes na semana:

A primeira eu esperava. Ele disse que tinha que tratar o canal e o dente estava fechado e doendo.
Ao abrir, aquele odor fétido de tecido necrosado. Difícil de aguentar mesmo com máscara.

Hoje eu não esperava. E foi diferente. Ela veio para trocar uma restauração no molar superior que estava com resina. Disse que sentia um mau cheiro. Não passou pela minha mente que fosse necrose porque ela não reclamou de dor. Só queria melhorar a estética. Pensei tratar-se de bolsa periodontal. Fiz um Rx. Nada de bolsa. Estranho. Anestesiei. A hora que eu passei a broca de alta rotação na resina para removê-la, ela estava com bolha, e a broca penetrou em uma cavidade, permitindo assim, que todo os gases produzidos pelas bactérias pela decomposição do nervo dental, saíssem de uma só vez. E vieram diretamente em minha direção atingindo minha máscara e gorro. A cheiro ruim foi tão intenso e insuportável que tive que interromper o tratamento para que minha assistente providenciasse uma nova máscara e gorro. Esse foi o pior odor nos 18 anos de trabalho. O consultório ficou impregnado.
Ela não sentiu dor, nem teve edema, nem abcesso, porque a resina que o dentista colocou estava com porosidade, além da bolha interna. Por isso, os gases lentamente escapavam pela resina e ela sentia o mau cheiro. Se fosse amálgama ao invés de resina, a história seria outra. Não teria como os gases saírem através do amálgama.
Eu não esperava nem desconfiava que fosse canal. Não havia nehum sintoma, nem lesão apical.
E assim termina a semana.


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