Minha paciente foi bem informada durante seu tratamento ortodôntico. É uma mulher muito curiosa e cheia de questionamentos.
Eu a ensinei direitinho como é o meu protocolo desde a fase inicial de diagnóstico até a remoção do aparelho.
Ela trabalha num salão de beleza e seus patrões insistiam para que levasse o filho ao dentista deles para tratamento ortodôntico.
Para não magoar, ela foi e levou o filho para a consulta inicial.
O colega ia colocar aparelho sem fazer qualquer estudo prévio. Ia montar o aparelho e depois, se precisasse, extrairia algum dente.
O canino do menino está totalmente apinhado, ao lado do lateral. Não há espaço algum para posicionar corretamente o canino sem extrair o pré.
Até minha paciente sabe disto, por experiência própria, pois extraí 2 prés para resolver o caso dela.
Ela começou a questionar o "modus operandi" do colega, perguntando por exemplo, como iria montar o aparelho sem fazer estudo algum, mas como era a primeira vez que estava falando com ele, não insistiu muito para não ter que ouvir - Quem é o dentista aqui? Eu ou a senhora?
Saiu do consultório abismada e veio diretamente ao meu para eu consultá-lo também.
O protocolo que sigo e ela sabe é:
Primeiro peço a documentação completa para estudar o caso, depois converso com a mãe para explicar como será o tratamento e finalmente inicio a montagem do aparelho.
Era isso que ela esperava ouvir do colega.
Agora vai ficar mal para os patrões, porque ela vai falar tudo que aconteceu, tim tim por tim tim.
Mas isso vem acontecendo aqui na cidade há algum tempo já, principalmente nestas clínicas onde cobram 40 reais de manutenção, sendo a documentação grátis ainda, por conta da clínica.
Nelas, importante é ter um volume grande de pacientes para compensar o preço baixíssimo da manutenção. E enche de pacientes porque muitos estão interessados apenas no preço. É barato? Vou por lá.
O colega que atende nessas clínicas trabalha por período recebendo um honorário ridículo, sendo explorado mesmo, por conta do mercado saturado de profissionais.
Ele infelizmente se submete a esse aviltamento, pois emprego com carteira assinada em odontologia não existe e abrir um consultório próprio precisa de um bom Paitrocínio por uns 2 anos até conseguir se estabilizar no mercado.
O paciente chega na clínica, cola-se os braquetes e depois vamos ver no que dá.
Não há tempo suficiente nem de estudar a radiografia, pois é um atrás do outro.
O inocente do paciente é enrolado por uns 4 anos na clínica, já que o valor da manutenção não cobre gastos iniciais do material ortodôntico, ainda que de baixa qualidade, então segura-se o paciente o máximo que puder.
Sei disso por relato de pacientes que desistiram por perceber que estavam só pagando e o tratamento não andava.
Estou com vários casos assim. Uma ficou 5 anos e não montaram nem a parte de baixo. Terminaram o caso assim. Ela foi orientada por sua advogada a processar a clínica.
Dá pra acreditar?
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